1o EQ UERJ 2011 - gabarito comentado

Primeiro Exame de Qualificação UERJ 2011 – Gabarito comentado
Professor Anderson Rodrigues dos Santos

01) B. Metáfora.
Como vimos na aula de Figuras de Linguagem a Metáfora é uma espécie de comparação direta, sem o conector, no qual aproximamos realidades diferentes a partir de suas semelhanças possíveis. No exemplo, os poemas são comparados aos pássaros sem que apareça algum conectivo. A principal semelhança apontada entre esses dois elementos, pelo poeta, além da  fugacidade (da brevidade com que o pássaro pousa, se alimenta em suas mãos e voa), é o fato de ambos se alimentarem na mão do leitor.
(!) Além disso, o primeiro exame de qualificação do ano passado, questão 10. Também tratou de metáfora.
(+) Observem que esse poema é um poema que fala do próprio poema, ou seja, estamos diante de um caso de metalingüística – que é um tipo de Função da Linguagem.

02) B. Revelar ao leitor suas próprias sensações e pensamentos.
Esta é a primeira questão de muitas em que estaremos diante de pura interpretação de texto. Vamos passo-a-passo:
1) limitar nosso raciocínio aos versos trazidos pela questão. Ou seja:
“E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...” (v. 10-12)
2) atentar ao que se pede: “um dos efeitos da compreensão da leitura”, se é efeito é conseqüência.
3) cruzar as duas informações
olhas: imperativo, ordem.
mãos vazias: se estão vazias, já não estão mais cheias. A relação entre o leitor e o pássaro / poema já foi estabelecida.
no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti: o espanto provém de uma surpresa, algo inesperado pelo leitor; esse inesperado reside no fato do leitor, ele próprio, deter o alimento do poema.
Assim, depois do fato consumado, ficam as sensações e os pensamentos que o eu-lírico, fará com o que o leitor o identifique.

4) Avaliar as opções, afinal estamos diante de uma prova de múltipla escolha:
(a) alimentar o leitor com novas perspectivas e opções.
Em nenhum momento, no poema e no trecho, fala-se em alimentar o leitor, muito menos com novas perspectivas e opções.
(b) revelar ao leitor suas próprias sensações e pensamentos.
Exato, no trecho, o eu-lírico dá uma ordem ao leitor para que ele se perceba de mãos vazias e assim se espante. Ou seja, é a partir da atenção chamada pelo enunciador do poema que o leitor percebe essa mudança e por conseguinte suas sensações e pensamentos.
(c) transformar o leitor em uma pessoa melhor e mais consciente.
Isso pode até acontecer, mas não está explicitado no texto. Não podemos deixar nos levar por respostas certas, mas que não são compatíveis com o que está sendo pedido e nem são compatíveis com o que está realmente escrito no texto.
(d) deixar o leitor maravilhado com a beleza e o encantamento do poema
Nenhum momento, explicitamente, é falado da beleza do poema. Maravilhado é modificador de espanto. Eles colocam opções com palavras do texto apenas para confundir os menos atentos.

03) A. É aberta a várias leituras.
Nessa questão, também de interpretação, o poeta diz que “Eles não têm pouso
nem porto”, tanto a respeito dos pássaros quanto dos poemas. A partir do enunciado iremos nos deter apenas aos poemas – obras literárias.
Se a obra literária não tem pouso nem porto, significa que ela não tem morada fixa, não tem sentido fixo. A morada é uma metáfora para sentido. Ou seja, ela é aberta a várias leituras.

04) D Comoção – gargalhada.
Em questões desse tipo, temos que ficar atento a ordem. A primeira parte da resposta equivale à reação das senhoras e a segunda à reação do Padre. Façamos uma tabela para que fique claro.

    Senhoras    Padre    Observações      
a)    consolo    riso    Consolo não é reação e sim do que elas precisavam a partir da reação que tiveram. Riso é pouco para exprimir a reação do padre.      
b)    lágrima    desgraça    O padre não compartilhou da ideia da desgraça.      
c)    homérica    inesgotável    Homérica refere-se no texto a reação do padre.      
d)    comoção    gargalhada    Sim! As senhoras ficaram comovidas enquanto o padre dava gargalhadas.   

05) B. Negar para afirmar.
Ainda que não conheçamos todos os processos retóricos, basta-nos interpretar a estrutura da segunda parte da frase.
O enunciado dá conta da primeira: aquela em que o autor levanta uma questão e diz que não pode resolve-la. A segunda parte é a que sobra: mas creio que ninguém contestará a influência das primeiras impressões.
Assim, a partir de uma negativa (ninguém contestará) ele afirma que as primeiras impressões influenciam.
Quanto as demais opções, percebemos que ele não critica, não duvida, nem reconhece nada, ele crê em algo.


06) B. Já naquela idade a reputação é um fardo e bem pesado. (l. 5)
Esta é a única alternativa em que aparece algo se referindo a idade e em contraste. A reflexão sobre o presente é que a reputação é um fardo e bem pesado quando se é adulto.

07) C. Quando nos viu a todos naquele estado de aflição.
Uma boa maneira de resolver as questões que envolvem reescrita é retomar o texto e avaliar qual o valor semântico que tal sentença tem no texto. Caso a dúvida permaneça, vale a pena, substituir opção por opção no texto.
Vamos ao texto: “Nesse instante assomava à porta um parente nosso, o Revd.º Padre Carlos Peixoto de Alencar, já assustado com o choro que ouvira ao entrar – Vendo-nos a todos naquele estado de aflição, ainda mais perturbou-se: - Que aconteceu? Alguma desgraça? Perguntou arrebatadamente.”
O padre ainda mais perturbou-se quando nos viu a todos naquele estado de aflição. Naquele momento. Ideia de tempo.
(!) Essa questão traz o tema que trabalhamos exaustivamente em sala: semântica dos conectores.

08) A. Um gesto simultâneo à fala.
Trecho: - Foi o pai de Amanda que morreu! Disse, mostrando-lhe o livro aberto.
Compreendeu o Padre Carlos e soltou uma gargalhada,
Enunciado: A compreensão que o padre teve da situação foi possível pela combinação das palavras do narrador com?
O que se combina com as palavras do narrador?( - Foi o pai de Amanda que morreu!)
E que faz com que o Padre compreenda e solte uma gargalhada? (Compreendeu o Padre Carlos e soltou uma gargalhada)
R: O gesto de mostrar o livro aberto. Assim, o padre se dá conta que o pai da Amanda é um personagem do livro.
A respeito das demais opções:
O fato do padre perceber que é um personagem do livro gera humor.
A choradeira parte da opinião que as senhoras tem formada sobre a família
Mas não é nem uma coisa nem outra que ajuda o padre a compreender a situação – que é o que está sendo pedido pelo enunciado.

09) C. Senhoras.
que rompiam-lhes o seio. (l. 11)
Há duas maneiras de resolver a questão:
Primeira, saber que lhes é pronome oblíquo “indireto” (aquele que se refere ao objeto indireto). Assim, reescreveríamos a frase: que rompiam deles / delas o seio. Nas opções o único ser que tem seio para ser rompido são as senhoras. Delas referindo-se a senhoras.
Ou ainda, iríamos diretamente no texto e veríamos o antecedente do pronome:
“As senhoras, de cabeça baixa, levavam o lenço ao rosto, e poucos momentos depois não puderam conter os soluços que rompiam-lhes o seio.”
Os soluços rompiam o seio de quem? Das senhoras.
(!) Ainda que não tenhamos trabalhado diretamente pronomes, trabalhamos bastante, quando vimos substantivo, a idéia de que o pronome retoma um substantivo.

10) D. Causa.
Trecho: Com a inacreditável capacidade humana de ter ideias, sonhar, imaginar, observar, descobrir, constatar,enfim, refletir sobre o mundo e com isso ir crescendo, a produção textual vem se ampliando ao longo da história. (l. 1-3)
Enunciado: O trecho destacado acima estabelece uma relação de sentido com o restante da frase. Essa relação de sentido pode ser definida como:
Causa, motivo. O motivo para a produção textual estar se ampliando ao logo da história é a inacreditável capacidade humana de ter ideias, sonhar, imaginar (...).
(!) Mais uma questão de Semântica dos conectores.

11) C. a divergência em relação a uma ideia que será contestada.
tudo levaria a crer que essa questão está sendo resolvida.- expectativa. Forma verbal: levaria – futuro do pretérito que dentre outros valores, expressa um fato com valor hipotético; uma expectativa, portanto. Quando a autora usa o “será?” há uma quebra nessa expectativa, gerando uma divergência.
(+) Observem que incerteza e questionamento são sinônimos, deveriam ser eliminadas, a primeira vista, como opções.
(!) No primeiro exame de qualificação do ano passado caiu exatamente o valor semântico do futuro do pretérito com sentido de condição.

12) A. O reconhecimento de que a leitura se associa ao poder.
Questão de interpretação, de entendimento geral do texto. Mais especificamente do parágrafo quinto, em que a autora fala sobre “as atitudes autoritárias e democráticas em relação à leitura”. Retomemos o parágrafo em questão: “Constatar que dominar a leitura é se apropriar de alguma forma de poder está na base de duas atitudes antagônicas dos tempos modernos. Uma, autoritária, tenta impedir que a leitura se espalhe por todos, para que não se tenha de compartilhar o poder. Outra, democrática, defende a expansão da leitura para que todos tenham acesso a essa parcela de poder”.

13) (D) o aumento de quantidade não se verificou do mesmo modo na qualidade
Trecho: Ao mesmo tempo, ainda falta muito para quanto queremos e necessitamos que ela cresça. Precisa crescer muito mais.
A autora fala ao longo do texto de como a leitura cresceu, como as novas tecnologias ajudaram e como a democratização da educação tem papel fundamental nesse processo. A todo tempo ela defende esse crescimento de quantidade, mas sempre questionando a qualidade.
Essa questão além do trecho em debate, tinha a ver com o entendimento geral do texto.

14) (A) jamais a leitura conseguirá acompanhar a expansão incontrolável e necessariamente caótica da produção dos textos, que se multiplicam ainda mais, numa infinidade de meios novos. (l. 12-14)
Quais são os elementos que a colagem mistura e combina? O meio virtual com os livros.
Assim, o único trecho, dentre as opções, em que a autora menciona o meio virtual em “meios novos” de produção é a letra A.

15) (A) coexistência entre práticas diversas de leitura
A questão traz o debate de que além da leitura do livro físico (aquele que temos que comprar em uma livraria, ou pegar em uma biblioteca, que carregamos com a gente, que pode ocupar espaço em casa) temos atualmente a opção da leitura virtual.

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